eTalks#3 - Não vale a pena pensar que são só os jovens que conseguem mitigar o efeito das fake news

Foi recorrendo a factos e lançando algumas questões ao longo da conversa, que a Cristiane Parente deixou uma plateia (virtual) a refletir sobre o momento de desinformação que vivemos. 

A conectividade, a velocidade da internet, a quantidade de informações que nos chega a todo momento, faz-nos ter a certeza de que não vamos conseguir dominar tudo, mas se nós aprendermos a aprender a conhecer, se formos criteriosos nas fontes que escolhemos e os meios de comunicação que elegemos, estamos a contribuir para um caminho formativo baseado na verdade.

As Escolas têm um papel muito importante no sentido de não entrar nessa velocidade e trabalhar a reflexão, e tempo para digerir todas as informações que nos chegam de forma tão violenta e tão rápida. Mas esta responsabilidade é de todos, da Escola, das Famílias, da sociedade em geral.  

Numa pesquisa levada a cabo pela OCDE com 600 mil estudantes de 79 países, constatou-se que apenas 9% dos adolescentes de 15 anos conseguiram diferenciar factos de opiniões. Percebendo o quanto é perigoso não conseguir distinguir um facto de uma opinião, este é dos sinais de alerta para rompermos este ciclo perigoso de desinformação que vivemos.

A questão da tecnologia, do uso das ferramentas digitais por parte dos jovens [nativos digitais] normalmente não se coloca porque eles dominam-na suficientemente bem, mas toda a questão ética, de responsabilidade, de direito à privacidade, de plágio, de responsabilidade social, de direitos humanos, de discurso de ódio ligadas à responsabilidade de compartilhar e produzir informação, isso somos nós educadores, pais e famílias que vamos ter de conversar com esse público para ensinar um percurso formativo.

Em tempo de pós verdade os factos acabam a ter menos influência que os apelos às emoções e às crenças das pessoas e, a ideia de uma sociedade mais vulneral à informação fabricada parece muito incompatível com uma realidade em que nós temos cada vez mais informação, temos cada vez mais pessoas com acesso à informação na palma da mão. 

Porque as Escolas não podem fazer este trabalho sem o apoio das famílias, que se criem sinergias e se ensinem não só os alunos mas toda a comunidade educativa, a aprender, desaprender e reaprender. 

Toda a conversa com a Cristiane Parente aqui